terça-feira, 28 de outubro de 2008

Recebi este e-mail do meu professor falando (ainda) sobre o caso Eloá/Lindemberg. Muito interessante, vale a pena ler...

Infelizmente não se sabe quem é o autor do texto!

Criando um monstro
O que pode criar um monstro?
O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de
outras duas jovens por... Nada?
Será que é índole?
Talvez, a mídia?
A influência da televisão?
A situação social da violência?
Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade da
sociedade? O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar
na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos,
ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas
inocentes?

O rapaz deu a resposta: 'ela não quis falar comigo'. A garota disse
não, não quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não
aceitou um não. Seu desejo era mais importante.
Não quero ser mais um desses psicólogos de araque que infestam os
programas vespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito
simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem
serem chamados. Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o não da menina Eloá foi o único. Faltaram
muitos outros nãos nessa história toda.

Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia
namorar um rapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir
ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha.
Faltou outros pais dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um
policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com
sorte, já tinha escapado com vida. Faltou a polícia dizer NÃO ao próprio
planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá. Faltou o
governo dizer NÃO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que
permitiu que o tal sequestrador conversasse e chorasse compulsivamente
em todos os programas de TV que o procuraram. Simples assim. NÃO. Pelo
jeito, a única que disse não nessa história foi punida com uma bala na
cabeça.

O mundo está carente de nãos. Vejo que cada vez mais os pais e
professores morrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm
medo de dizer não aos maridos ( e alguns maridos, temem dizer não às
esposas ). Pessoas têm medo de dizer não aos amigos. Noras que não
conseguem dizer não às sogras, chefes que não dizem não aos
subordinados, gente que não consegue dizer não aos próprios desejos. E
assim são criados alguns monstros. Talvez alguns não cheguem a
sequestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando escutam um não, seja
do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente
do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal.
Os pais dizem, 'não posso traumatizar meu filho'. E não é raro eu ver
alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não
têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas
para suas crias. Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, é difícil
ouvir alguém dizer não, você não pode bater no seu amiguinho. Não, você
não vai assistir a uma novela feita para adultos. Não, você não vai
fumar maconha enquanto for contra a lei. Não, você não vai passar a
madrugada na rua. Não, você não vai dirigir sem carteira de habilitação.
Não, você não vai beber uma cervejinha enquanto não fizer 18 anos. Não,
essas pessoas não são companhias pra você. Não, hoje você não vai ganhar
brinquedo ou comer salgadinho e chocolate. Não, aqui não é lugar para
você ficar. Não, você não vai faltar na escola sem estar doente. Não,
essa conversa não é pra você se meter. Não, com isto você não vai
brincar. Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no parque.
Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes
NÃOS crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro
não que a vida dá ( e a vida dá muitos ) surtam. Usam drogas. Compram
armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do
carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante.

Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo
contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um
amor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente
entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não.
Intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também
responsabilidade. E quem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando é preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a
algumas pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com
respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem. O não protege, ensina e prepara.
Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que
cruzam o meu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar
também os nãos que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito
que é aí que está a verdadeira prova de amor. E é também aí que está a
solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos
dias.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

QUE JORNALISMO É ESSE ???

Assistimos exaustivamente desde a semana passada o andamento e o desfecho trágico do caso Eloáh / Lindemberg.

Nessa caso podemos ver vários culpados. O seqüestrador e assassino Lindemberg e seu desequilíbrio emocional, a passividade da Polícia, que na minha opinião, foi muito complacente e tolerante com o caso. Acredito que ela poderia ter abreviado esse caso, pois deu muito tempo ao bandido. Sem contar com outros fatos ainda não esclarecidos, como a volta da vítima ao cárcere, entre outros pequenos fatos.

Mas outro culpado nesse caso e que nunca admite seus erros é a imprensa. O sensacionalismo e a luta exacerbada e inconseqüente por audiência, tem tornado o jornalismo brasileiro medíocre e espetacularizado (que torna tudo em espetáculo).

Inicialmente nesse caso a polícia agiu certo ao tentar negociar, tentar resolver tudo pacificamente, mas aí entrou o “jornalismo” e estragou tudo. Segundo os próprios policiais, tudo estava andando para um fim tranqüilo, o seqüestrador estava disposto a libertar as vítimas e se entregar. Mas quando os programas de tv perceberam o nicho de audiência que estava a sua frente e resolveram entrar de cabeça no assunto, dar cobertura total, mudaram o rumo dos fatos.

Passavam o dia inteiro a imagem de um apartamento, mesmo sem movimentação alguma. Anunciaram entrevista exclusiva com o criminoso, prometiam colocá-lo ao vivo em seus programas. Tornaram um ato criminoso num show com ampla cobertura. Chegaram ao extremo ao deixar o telefone de Lindemberg sempre ocupado com ligações de suas produções enquanto os negociadores tentavam em vão ter contato com ele.

O rapaz, que até então estava disposto a terminar tudo pacificamente, ao se ver na televisão, mudou radicalmente suas atitudes. É a chamada “Síndrome de Zé Pequeno”. O cara, cidadão comum e desconhecido, ao se ver centro das atenções, no centro da mídia, tem seu ego transformado e perde a noção da realidade. Sente-se importante, inatingível, quase um super-herói. Acha-se envaidecido, idolatrado, como se fosse um artista. E aí está o pecado da mídia, que fomenta essa idéia de Lindemberg. Programas como “Hoje em Dia” e da Sonia Abraão tentam passar a idéia ao telespectadores, e ao próprio seqüestrador, de que ele não é um criminoso, mas apenas uma vítima da sociedade, das circunstâncias. Uma prova de que estou certo ao afirmar isso são os trechos do primeiro depoimento que a amiga de Eloá dá a policia, dizendo que Lindemberg falava a elas considerar-se “o rei do gueto, o dono do pedaço”.

É a primeira vez que vejo seqüestrador dando entrevistas em pleno ato de seu crime. E, claro, passando-se por vítima, com a concordância dos apresentadores desses programas. È claro que o rapaz, desequilibrado emocionalmente, quis ficar por mais tempo na mídia, no centro das atenções, dando frágeis desculpas para justificar sua demora para tomar uma atitude. Mas por que ele se entregaria, se sabia que ficaria anos preso? Era muito melhor adiar a entrega e curtir mais alguns momentos de celebridade.

E agora vemos esses programas questionando as ações da polícia, listando as falhas da operação. Mas e suas falhas? Eles que glamourizaram o rapaz, não devem retratar-se agora? Será que vale tudo pela audiência? Será que tudo, hoje em dia, tem de tornar-se um espetáculo? Ética, responsabilidade e profissionalismo não valem nada? Já não está na hora de criar-se um conselho de jornalismo, ou para o mesmo, tudo lhe é permitido? Bom, essas são questões para um outro post...

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

FRASE DA SEMANA


" A VIDA NÃO É MEDIDA PELO

NÚMERO DE VEZES QUE RESPIRASTE,

MAS SIM PELOS MOMENTOS

EM QUE PERDESTE O FÔLEGO

DE FELICIDADE"



terça-feira, 14 de outubro de 2008

PERDI O MEDO DA CHUVA


“Eu perdi o meu medo, meu medo
meu medo da chuva ...
(...) aprendi o segredo
O segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
no mesmo lugar”
(Raul Seixas)

Estou iniciando uma nova fase na minha vida. Andei tomando algumas decisões e atitudes que até pouco tempo atrás não faria. Até pensava em fazer, mas não faria. Por quê? Por ser uma decisão um tanto arriscada, trocando o certo pelo duvidoso. Pensava: “Por que arriscar, se aqui tenho um porto seguro?”. Mas esse porto nem tão seguro assim estava me matando aos poucos, destruindo minha auto-estima, mutilando meu corpo, sugando minha juventude.

Mas eis que então
“Um certo dia resolvi mudar
E fazer tudo o que eu queria fazer
Me libertei daquela vida vulgar...” (Rita Lee)

Estou iniciando uma fase de transição. Me livrando de conceitos há muito tempo enraizados nas entranhas da minha alma. Tenho consciência de que vai ser muito difícil me livrar deles, mas vou conseguir! Talvez algum dia me arrependa dessa decisão, talvez eu acabe quebrando a cara, mas mesmo assim ficarei feliz. Feliz por ter ao menos tentado um outro caminho, tentado um novo rumo, ter tomado o controle da minha vida. Feliz por ter arriscado, por ter tentado e não ficar sempre pensando no que poderia ter acontecido se eu não tivesse medo de arriscar.

Decidi pensar menos e agir mais. Claro que não vou me tornar um inconseqüente, talvez só um pouquinho, que faz tudo por instinto, mas vou pensar duas vezes antes de fazer as coisas, e não um milhão de vezes, como acontece hoje em dia, e deixando muitas vezes as oportunidades passarem por mim.


"Não passam de traidoras nossas dúvidas,
que às vezes nos privam do que seria nosso
se não tivéssemos receio de tentar."
(William Shakespeare)